segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Os animais também fazem luto

Vários estudos científicos têm comprovado que, à semelhança dos seres humanos, algumas espécies animais têm consciência da morte do outro e fazem o seu luto. Sozinhos ou em grupo, expressam a dor pela perda do outro e, em alguns casos, o sofrimento é tanto que acabam também por morrer. Em alguns animais foram mesmo observadas lágrimas nos olhos, nesses momentos de dor. Vejamos alguns exemplos:


Duas pesquisas publicadas no Current Biology, em Abril deste ano, referem que os chimpanzés têm consciência da morte, tal como nós. Foram observadas mães-chimpanzés a carregarem o corpo dos seus bebés durante vários dias, até estes mumificarem. Um dos trabalhos descreve os últimos momentos de Pensy, uma fêmea com mais de 50 anos que viviam no Safari Park de Blair Drummond, na Escócia. O resto dos chimpanzés manteve-se sempre próximo dela, silencioso e tentado reconfortá-la. Quando Pensy morreu, a filha, Rosie, e os restantes elementos do grupo abanaram-lhe a cabeça e os ombros, como que querendo acordá-la. Foram dormir mais tarde e evitaram os locais por onde Pensy parava.


Os elefantes experimentam muitas sensações semelhantes às dos seres humanos, destacando-se, no mundo animal, pela tristeza e dor que expressam quando perdem um companheiro. Enquanto que a maioria das espécies não hesita em deixar para trás um elemento do grupo doente ou moribundo, os elefantes são incapazes de o fazer, rodeando-o de mil e uma atenções. Quando esse membro do grupo morre, tentam levantá-lo, com a tromba e as patas, mas quando percebem que morreu, ajoelham-se junto ao corpo e choram a perda. Foram ainda registados casos em que elefantes bebés que assitiram à morte da progenitora acordam a gritar.



Pete Wedderburn, um médico-veterinário com mais de 25 anos de experiência, conta no seu blogue que os cães ficam deprimidos com a morte de um companheiro (seja este um animal ou um ser humano), podendo ficar mais quietos e perder o apetite. Este médico-veterinário aconselha a levar o animal a passear mais vezes, especialmente em locais onde possa interagir com outros cães. Em alguns casos, embora seja raro, poderá ser necessário administrar-lhe anti-depressivos.


Também os gatos mostram sinais de dor pela perda de um companheiro (seja este outro gato, um cão ou o dono). Nos primeiros tempos, percorrerem os locais por onde o parceiro andava, à sua procura, e miando baixinho, como se estivessem a chorar. Sarah Hartwell, no site MessyBeast, conta o caso de dois gatos, cujo dono morreu, que reagiram de forma diferente a essa perda. Ambos deixaram comer, mas depois de o médico-veterinário lhes ter administrado medicamentos que estimulam o apetite, um deles recuperou, enquanto o outro continuou sem apetite e morreu. Alguns investigadores consideram que os gatos têm a mesma percepção da morte que as crianças de tenra idade, ou seja, não têm consciência de que a morte é um estado permanente.


Marc Bekoff, num artigo publicado na Psychology Today, conta que dois cientistas assistiram à dor de um grupo de lobos devido à perda da fêmea omega, Motaki, morta por um leão. Desde então, nunca mais uivaram em grupo, choravam sozinhos. Ficaram deprimidos, caminhando lentamente, com as caudas e as cabeças baixas, até ao local onde Motaki foi morta. Só seis semanas mais tarde, a vida da alcateia voltou à normalidade. Também as raposas já foram observadas a protagonizar rituais funerários.
Fonte: Jornal de Notícias

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