segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Você sabia: como cães e gatos foram domesticados?


Cães e gatos foram domesticados pelo homem em épocas distintas. Foto: Getty Images
Cães e gatos foram domesticados pelo homem em épocas distintas
Foto: Getty Images
Segundo o velho ditado, "o cão é o melhor amigo do homem". E não é por acaso. O cachorro foi o primeiro animal a ser domesticado pelos humanos. Mas quando isso ocorreu?
Segundo a veterinária e especialista em comportamento animal Ceres Faraco, "há indícios arqueológicos de que a domesticação tenha iniciado no período da era glacial, há cerca de 500 mil anos. A motivação inicial parece ter sido a caça compartilhada, pois a parceria com os cães facilitava a busca das presas".
Um conjunto de fatores justifica a escolha dos nossos antepassados por esta espécie e é provável que tenham ocorrido tentativas para domesticar outros animais, mas que não obtiveram êxito. "Para alcançar a domesticação, primeiramente é necessário um marcante comportamento social e gregário do animal, além da habilidade em estabelecer vínculos e capacidade de interagir socialmente durante todos os períodos do ano, e não apenas em algumas estações", explica Faraco.
Além disso, houve uma adaptação evolutiva com resultados anatômicos e comportamentais. Estudos já realizados sobre a sequência genética canina mostram que existem diferenças significativas entre o cão doméstico e o seu antecessor, o lobo. Estas divergências são evidenciadas nas características que permitem identificar com facilidade se um crânio, por exemplo, pertenceria a um lobo ou a um cão.
No entanto, apesar dessas diferenças, é possível estabelecer paralelos comportamentais. "Muitos aspectos do comportamento expresso pelo lobo são reconhecidos também nos cães e recordam sua origem selvagem. Um exemplo é a posição típica e tensa de cães na caça, que nada mais é do que uma herança do seu passado lupino. Assim, quando um cão espreita um alvo, ele se detém no momento que o detecta. Assume por instantes uma postura de tensão nervosa típica, que pode ser percebida pela elevação e tensão de uma das patas anteriores, para permitir a realização de um salto brusco, ou levar o predador a avançar lentamente", diz a especialista.
Felinos 
No caso dos gatos domésticos, o antecessor é o Felis silvestris, o gato selvagem. A divergência genética entre ambos é tão pequena que poderia ocorrer até mesmo entre dois gatos domésticos. Por consequência, a distinção anatômica entre o gato selvagem e o doméstico não é tão evidente como ocorre com os cães. Então, como ocorreu a domesticação dos gatos por parte dos humanos?

"A domesticação desses felinos ocorreu quando as populações humanas abandonaram a vida nômade e se fixaram nas margens do Rio Nilo. É nesse contexto que os gatos iniciam uma convivência próxima e desejável com as pessoas, pois impediam que roedores invadissem os locais para armazenamento de alimentos", explica Faraco.
Outra curiosidade relacionada ao processo evolutivo do gato doméstico e que o distingue das demais espécies de animais de estimação consiste no fato que os antecessores das demais espécies - incluindo a canina - tendem à extinção. Porém, o antecessor felino selvagem continua prosperando, sobrevivendo e se reproduzindo normalmente.
"No caso dos gatos, mistérios não faltam. Estes felinos de olhos brilhantes e caminhar silencioso foram considerados deuses e são constantemente fontes de superstição, assombro e imensa admiração", opina a veterinária, que não acredita que animais já domesticados possam voltar a ser selvagens, apesar de uma possível mudança brusca de comportamento.
"Ainda que se admitisse a vida destes animais de estimação sem supervisão humana, o que ocorreria seria uma adesão a outro tipo de vida e de padrão comportamental que caracteriza os animais reconhecidos como ferais. Esses são cães e gatos independentes e irrestritos e tendem a constituir grupos que permanecerem afastados dos aglomerados humanos. Os animais ferais sobrevivem à custa de resíduos dos alimentos humanos dispersos na periferia das cidades e de caçar pequenas presas. Têm por característica uma alteração comportamental adaptativa, que é a expressão de agressividade extrema, inclusive sendo mais acentuada que a dos animais de vida selvagem", completou Faraco.
Fonte: ANGELA JOENCK PINTO / Terra





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